top of page
  • Foto do escritorJoseane Terto

Letramento digital contra as Fake News

Atualizado: 22 de mar. de 2023

Por: Profa. Esp. Guilherme Carvalho

Por: Profa. Dra. Valéria Batista


A prevalência de crenças pessoais e o envolvimento emocional no julgamento das pessoas da informação têm se tornado cada vez mais preocupante, conforme percebemos que a chamada pós-verdade toma o espaço da análise crítica da realidade e dos fatos científicos.


Essa crescente tendência global tem modificado a relação das pessoas com as artes, a mídia, a política, saúde e educação, incentivando comportamentos negacionistas como o crescente movimento “anti-vax”, contra as vacinas pois elas alegadamente causam danos ao sistema de saúde entre outras notícias que tomamos conhecimento.


O fenômeno é tão grave que têm sido estudado como um fenômeno que possa explicar a eleição do presidente americano Donald Trump como pode ser visto neste artigo publicado no Journal of Economic Perspectives de 2017. Embora o artigo, em inglês, denote que talvez a predisposição das pessoas que veem, compartilham e acreditam em notícias falsas talvez já fosse suficiente para que elas optassem por votar pelo candidato, fica claro que a exposição massiva de noticias falsas tem mudado o comportamento das pessoas pelo mundo todo.



No Brasil, o cenário não é diferente, a difusão cada vez maior das chamadas fake News por meio das mídias sociais como o Facebook, Twitter o WhatsApp se coloca como um grande obstáculo para a utilização responsável da internet. 

E, sendo assim, surge um novo e grandioso desafio para os professores: 1) como formar pessoas que tenham uma abordagem crítica em relação ao uso das mídias sociais e da qualidade da informação que chega até nós? 2) E por que é responsabilidade do professor pensar no uso das mídias pelos nossos alunos?





A BNCC e o letramento digital

A Competência geral 5 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) discorre sobre a cultura digital e a promoção da alfabetização e letramento digital, e explicitamente diz sobre o uso ético das tecnologias digitais para se comunicar, obter e disseminar informações, focando não somente na utilização da tecnologia em si, como uma forma de promover a inclusão social, mas de reforçar o questionamento sobre a qualidade dessas interações com a tecnologia.


O Letramento digital então, o apropriar-se das ferramentas e linguagens próprias das formas virtuais de comunicação e interação passa então, pelo seu uso de forma responsável e ética.

O olhar para o desenvolvimento do letramento digital então deve ser criterioso, não se promove o letramento criando apenas situações de interação com o digital, mas as inserindo no contexto de aula, seja como meio, de forma a incentivar o uso das TDICs como plataformas para o desenvolvimento de habilidades e competências das outras áreas do conhecimento, e também como atividade fim.


No contexto do letramento digital e da necessidade de criarmos cidadãos conectados e éticos, é válido incentivar pesquisas em sites confiáveis, a leitura de notícias falsas e verdadeiras e sua posterior discussão sobre sua validação, e levantar questões sobre autoria, plágio a qualidade da informação.


Essas discussões promovem o protagonismo do estudante ao o tornar apto a identificar boas fontes e recursos confiáveis de aprendizado e não exigem do professor que ele tenha domínio técnico dos recursos, a função do professor aqui é mediar esse processo, instigando os alunos e sendo o agente facilitador do letramento digital e do processo de formação de diretrizes éticas. Se o professor falha nesse papel, o aluno não desenvolve mecanismos que permitam com que ele faça essas discussões por si mesmo e, dessa forma, acaba por ser um vetor de desinformação.



Existem alguns projetos que tratam sobre a necessidade de validação da informação e a ApliquEducação separou alguns para que você utilize em sala de aula como exemplo ou se atualize sobre o tema:


Educamídia:
https://educamidia.org.br/quem-somos

Fundação Demócrito Rocha – Curso de Educação Midiática e a BNCC:
https://cursos.fdr.org.br/course/view.php?id=19

Projeto Ler e Pensar:
https://www.lerepensar.com.br/

New Media literacies:
http://www.newmedialiteracies.org/

Letramento digital +60:
https://cursosextensao.usp.br/course/view.php?id=1970

Agência Lupa:
https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/

Pública.org: 
https://apublica.org/quem-somos/

FakeCheck – Detector de Fake News: 
http://nilc-fakenews.herokuapp.com/

Plano de aula: Letramento digital e as Fake News: o pensar e o agir ético


Componente curricular: Língua Portuguesa


Ano: 3º ano


Tempo sugerido: 90 minutos (duas aulas)


Competências:

Responsabilidade e Cidadania: Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.


Comunicação: Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.


Campo de atuação:

Vida cotidiana: (Refere-se à participação em situações de leitura e escrita em que o contexto são atividades vivenciadas no dia a dia de crianças nos ambientes doméstico e escolar), principalmente nas redes sociais e recursos de comunicação digital como WhatsApp e Twitter.


Vida pública: Campo de atuação relativo à participação em situações de leitura e escrita, especialmente de textos das esferas jornalística, publicitária, política, jurídica e reivindicatória, contemplando temas que impactam a cidadania e o exercício de direitos. Principalmente os que circulam nas redes sociais.


Objeto do conhecimento: Letramento digital e Compreensão em leitura (Língua Portuguesa)


Habilidade(s) da BNCC:


(EF03LP18) Ler e compreender, com autonomia, cartas dirigidas a veículos da mídia impressa ou digital (cartas de leitor e de reclamação a jornais, revistas) e notícias, dentre outros gêneros do campo jornalístico, de acordo com as convenções do gênero carta e considerando a situação comunicativa e o tema/assunto do texto.


(EF04LP15) Distinguir fatos de opiniões/sugestões em textos (informativos, jornalísticos, publicitários etc.).


(EF05LP16) Comparar informações sobre um mesmo fato veiculadas em diferentes mídias e concluir sobre qual é mais confiável e por quê.


Orientações de Desenvolvimento:

1ª AULA


) O professor deve organizar uma roda de conversa para discutirem o uso das redes sociais e grupos de comunicação como o WhatsApp. Nesta conversa inserir questões como:

  • Como nos relacionamos com as pessoas do nosso dia-a-dia pelas redes sociais?

  • Pensamos no que estamos escrevendo aos outros? Por quê estamos utilizando tanto as redes sociais e o WhatsApp para conversarmos e nos relacionarmos?

  • Quando recebe noticiais e comunicação você repassa imediatamente para as demais pessoas e grupos?

  • Quais as mensagens que mais compartilhamos com as pessoas? Charges, pedidos de ajuda, questões políticas, brincadeiras das redes sociais, memes?

ANALISAR A IMAGEM ABAIXO:


2º) Não é difícil identificar com os estudantes como eles interagem com as ferramentas digitais, já que passam horas no uso destas ferramentas, o que precisamos trabalhar é a consciência coletiva dos alunos no sentido de o que compartilhar e como interagir com a linguagem mediada pela tecnologia.

O professor deve perguntar se eles têm ideia de quanto tempo fazem uso do celular. Organize uma tabela com a quantidade de horas de uso no celular, muitos celulares têm esta ferramenta disponível calculando a quantidade de horas por dia ou por semana. Crie um quadro demonstrativo e lance a seguinte questão: Se passamos tanto tempo (x horas) no uso do celular nos comunicando e interagindo com as pessoas imagine o quão grave seria se compartilhássemos mensagens falsas entre nossos amigos e grupos, como isso seria ruim para a sociedade?


ANALISAR O TEXTO ABAIXO:


FAKE NEWS SÃO NOTÍCIAS FALSAS, MAS QUE APARENTAM SER VERDADEIRAS

Não  é uma piada, uma obra de ficção ou uma peça lúdica, mas sim uma mentira  revestida de artifícios que lhe conferem aparência de verdade.

Fake news não é uma novidade na sociedade, mas a escala em que pode ser produzida e difundida é que a eleva em nova categoria, poluindo e colocando em xeque todas as demais notícias, afinal, como descobrir a falsidade de uma notícia?

No geral não é tão fácil descobrir uma notícia falsa, pois há a criação de um   novo “mercado” com as empresas que produzem e disseminam Fake News constituindo verdadeiras indústrias que “caçam” cliques a qualquer custo, se utilizando de todos os recursos   disponíveis para envolver inúmeras pessoas que sequer sabem que estão sendo   utilizadas como peça chave dessa difusão.

Infelizmente é muito comum o uso das primeiras vítimas como uma espécie de elo para compor   uma corrente difusora das Fake News. Assim,  aquelas pessoas que de boa-fé acreditaram estar em contato com uma verdadeira   notícia, passam – ainda que sem perceber – a colaborar com a disseminação e difusão   dessas notícias falsas.

Mas não é impossível detectá-las e combatê-las, há técnicas e cuidados que colaboram para mudar este cenário, sendo a educação digital uma ferramenta   para fortalecer ainda mais a liberdade de expressão e o uso democrático da   internet. 

FONTE:   <http://portal.mackenzie.br/fakenews/noticias/arquivo/artigo/o-que-e-fake-news/> Acesso em: 25/11/2020

3º) O professor irá propor uma pesquisa aos estudantes: VAMOS PESQUISAR....mas antes vamos ler mais esta notícia:


As notícias falsas  divulgadas pela internet (fake news) foram tema da  palestra do o professor Walter Capanema, coordenador-geral dos cursos de  Direito Eletrônico da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), na quarta-feira, dia 14/11/2020, no auditório desembargador Roberto Leite Ventura. […]

O professor mostrou fotos manipuladas por aplicativos e imagens falsas, como uma rachadura na ponte Rio-Niterói. Capanema alertou que provocar alarme produzindo pânico está previsto no artigo 41 da lei das Contravenções  Penais.

“Se a pessoa cria um   perigo, manda uma mensagem que provoca alarme, ela pode ser conduzida ao juizado especial, possivelmente vai ser processada e pode responder pelo artigo 41 da Lei das Contravenções Penais”, alertou Walter Capanema.

Capanema destacou ainda que as Fake news podem  levar o autor a responder por questões de responsabilidade civil, calúnia,  injúria, difamação e até incitação ao homicídio, como o caso que aconteceu em  2014, no Guarujá, no litoral paulista, com a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, espancada até a morte por moradores da cidade, depois da divulgação de boatos de envolvimento em rituais de magia negra com crianças.

FONTE:  <https://tj-rj.jusbrasil.com.br/noticias/469196219/encontro-de-especialistas-na-emerj-debate-fake-news>. Acesso em: 25/11/2020

PESQUISA:

QUANDO COMPARTILHAMOS UMA MENSAGEM FALSA QUANTAS PESSOAS ATINGEM E EM QUANTO TEMPO GANHA ALCANCE NACIONAL?


2ª AULA


1º) Na próxima aula o professor irá resgatar a pesquisa dos estudantes e montar um painel com os resultados da pesquisa. Com o intuito do aluno analisar a pesquisa, selecionar e refletir sobre os dados obtidos na pesquisa da internet.

Montar um painel no papel craft para que todos tenham visibilidade dos resultados.

2º) Propor aos alunos a análise de algumas notícias com base nesta estrutura abaixo: (o professor deverá selecionar noticias verdadeiras e falsas para que os alunos trabalhem na identificação).


FONTE: http://academiadojornalista.com.br/como-identificar-fake-news/



3º) Após a busca de evidências os alunos irão argumentar sobre a veracidade das noticiais verdadeiras e justificar e a sobre a falsidade da notícia.

O professor pode criar um painel com notícias falsas e suas justificativas e um painel de noticias verdadeiras e suas justificativas.

Ao construir argumentação fundadas no contexto, na busca, na pesquisa iremos incentivar os alunos a serem mais cautelosos em relação ao compartilhamento nas comunicações digitais .


O professor poderá realizar um teste com os alunos para ver se eles têm de fato aprendido sobre o tema, enquanto os alunos estão no intervalo o professor deixa na lousa 

AMANHÃ NÃO HAVERÁ AULA!

E observa o que os estudantes farão ao retornarem do intervalo, se   questionam e investigam sobre a veracidade da notícia ou simplesmente acreditam.

4º) Desafiar os estudantes a buscar como uma notícia falsa pode impactar a vida de uma pessoa. Assim trabalharemos a dimensão do agir pessoal e da consciência coletiva e pública que devemos construir.

Após a busca que poderá ser em grupo ou duplas apresentar os resultados com os alunos e discutir o agir ético e cidadão que todos nós podemos desenvolver.


Elaborado por:



Profa. Valéria, doutora em Educação pela PUC-SP. Diretora Pedagógica na Apliqueducação onde cria e desenvolve jogos de alfabetização baseados em evidências de pesquisa por conta de sua longa e sólida experiência em sala de aula no Ensino Fundamental, incluindo o trabalho de com alunos da Educação Especial.













Professor Guilherme de Carvalho formou-se Tecnólogo em Jogos Digitais pela Fatec, de São Caetano do Sul, onde vocacionou seus interesses por tecnologia, desenvolvimento e ludicidade em paixão pela escola.

Hoje, leciona nos cursos técnicos de Desenvolvimento de Sistemas e Redes de Computadores.








Leitura crítica e edição: Joseane Terto

2.534 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page