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Foto do escritorJoseane Terto

Escrita do nome com significado

Atualizado: 22 de mar. de 2023

Por: Profa. Dra. Valéria Batista


Em nosso mundo a escrita ocupa um lugar importante, como na organização dos espaços sociais, guiando nossas ações, informando sobre os objetos e atividades, na comunicação, enfim numa série de situações cotidianas. Para entrar nesse mundo é importante que as crianças interajam com esta diversidade de textos que permeiam o ambiente social e também com o mundo dos livros.


Mas, temos uma palavra com grande relevância social e que remete a sua identidade: seu nome próprio. Além de ter uma função social importante, o nome representa a pessoa, quem ele é como sujeito único e suas particularidades. E por conta desta importância social o nome poderá ser utilizado pelo professor como forma de levar a criança a refletir sobre o funcionamento do Sistema de Escrita Alfabética, de modo contextualizado e com significado.




Por isso, sugerimos como um dos caminhos para iniciar o processo de alfabetização a utilização da escrita do próprio nome, como uma conquista que o encaminhe a desenvolver a consciência fonológica em que cada sílaba e cada letra proponham a reflexão intencional dos componentes fonológicos da estrutura linguística.


O nome é uma fonte de informação e um modelo estável de escrita que faz parte da vida da criança, pois de forma recorrente a criança identifica o seu nome escrito em vários lugares e sua função social é constantemente visualizada nas diversas situações escolares, como: ao nomear as atividades realizadas, na identificação dos seus materiais escolares, na marcação de seu local na sala de aula, mas diante do afastamento social e a impossibilidade da convivência escolar este ambiente letrado não esta sendo ofertado e consequentemente, tais referências sociais com o uso do seu nome, diminuíram, pois em casa a utilização dessas marcações quase não é visível. 

Criando oportunidades de aprendizagem


O desafio dos professores no uso com o nome está em não utilizar em propostas mecânicas e repetitivas, como nos exercícios de cópia e de coordenação motora, pois o foco deve ser o de levar a criança a refletir sobre a escrita e construir oportunidades de compreensão ao funcionamento do Sistema de Escrita Alfabético.


Considerando que ensinar é um trabalho intelectual que requer uma aprendizagem reflexiva continuada, o professor deve basear o seu ensino em atividades que ao mesmo tempo coloque a criança diante de seus conhecimentos prévios como também, apresente situações desafiadoras que criem pontes para novas aprendizagens. 

Para isso, promover atividades significativas que explore toda a riqueza cultural da produção escrita com a preocupação de envolver situações de pesquisa, atividades com uso do material concreto e com a proposta de criar um ambiente alfabetizador na qual a aprendizagem terá um lugar de destaque é o nosso objetivo, apresentando um plano de aula com oportunidade de criar contextos de aprendizagem que permitam à reflexão das correspondências som-grafia de forma explícita e consciente.


Portanto, nesta sugestão de plano de aula iremos propor o desenvolvimento da habilidade em consciência fonológica que permitirá a criança de analisar os sons que compõem as palavras, manipular, isolar, alternar e segmentar a palavra em sílabas, bem como, contar sílabas e fonemas. Essas diferentes tarefas possibilitarão que a criança tome consciência dos segmentos menores que compõem o seu nome e identifique regularidades junto à comparação de outros nomes dos colegas de sua turma e de sua família.


E, assim dentro de uma proposta construtiva, traremos a oportunidade da criança construam as respostas durante o processo de aprendizagem, em função das situações problemas que apontamos no plano de aula.



Plano de aula: A escrita do nome em contextos significativos


Componente curricular: Língua Portuguesa


Ano: 1º ano do Ensino Fundamental


Tempo sugerido: 90 minutos (duas aulas)


Competências:

Conhecimento: Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.


Comunicação: Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-motora, como Libras e escrita), corporal, visual, sonora e digital - bem como conhecimentos das linguagens artísticas, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.


Cultura digital - Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as escolares) ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas.


Campo de atuação:

CAMPO DA VIDA COTIDIANA – Campo de atuação relativo à participação em situações de leitura, próprias de atividades vivenciadas cotidianamente por crianças, adolescentes, jovens e adultos, no espaço doméstico e familiar, escolar, cultural e profissional. Alguns gêneros textuais deste campo: agendas, listas, bilhetes, recados, avisos, convites, cartas, cardápios, diários, receitas, regras de jogos e brincadeiras.


Objeto do conhecimento: Construção do sistema alfabético


Habilidades da BNCC:

(EF01LP03) Observar escritas convencionais, comparando-as às suas produções escritas, percebendo semelhanças e diferenças.


(EF01LP06) Segmentar oralmente palavras em sílabas.


(EF01LP08) Relacionar elementos sonoros (sílabas, fonemas, partes de palavras) com sua representação escrita.


(EF01LP09) Comparar palavras, identificando semelhanças e diferenças entre sons de sílabas iniciais, mediais e finais.


Orientações de Desenvolvimento:


1ª AULA


OBSERVAÇÃO:

Para esta aula o estudante irá precisar estar com o seu documento de identidade e uma placa com o seu primeiro nome escrito nela pode ser feita de sulfite e colado um palito para poder mostrá-la aos colegas durante a atividade proposta.


1º) O professor irá realizar a leitura do poema ”O nome da gente”, de Pedro Bandeira.


O nome da gente

Por que é que eu me chamo isso e não me chamo aquilo? Por que é que o jacaré não se chama crocodilo? Eu não gosto do meu nome, não fui eu quem escolheu. Eu não sei Por que se metem com o nome que é só meu! O nenê que vai nascer vai chamar como o padrinho, vai chamar como o vovô, mas ninguém vai perguntar o que pensa o coitadinho. Foi meu pai que decidiu que o meu nome fosse aquele isso só seria justo se eu escolhesse o nome dele. Quando eu tiver um filho, não vou pôr nome nenhum. Quando ele for bem grande, ele que procure um.


Cavalgando o arco-íris, Pedro Bandeira. São Paulo, Moderna: 1984.



Após a leitura desse poema, apresentar algumas questões e propor um debate:

  1. Do que se trata este poema?

  2. Quem está fazendo as perguntas no poema?

  3. É possível, um bebê decidir qual o nome quer chamar?

  4. E, você sabe a história do seu nome


2º) Após a discussão, pedir que as crianças peguem o seu DOCUMENTO DE IDENTIDADE. E localizem o seu nome e sobrenome. O professor deve colocar para os estudantes ouvirem a música: “A gente tem sobrenome”; de Toquinho: https://youtu.be/duz-h_2zdFs.



Vamos identificar as partes do documento de identidade de uma pessoa?

3º) Agora, vamos pensar “Quem sou eu?” O que gosto, o que não gosto, como eu sou fisicamente e como sou afetivamente com os colegas?

4º) Após pensar sobre isso que realizem em seu caderno um desenho com estes pontos apontados anteriormente (nome, sobrenome, desenhar autobiográfico, com as coisas que gostam).


5º) Na próxima atividade o professor solicita aos alunos que estejam com uma plaquinha em que conste o seu nome e apresentar o seu nome aos colegas, identificando a letra inicial. Proposta montarmos grupos pela LETRA INICIAL DO NOME com os estudantes que tem a letra inicial igual, como ficarão os grupos?


O professor deixa as crianças refletirem em como serão os grupos e após isso, mostra como ficou organizada a turma em grupos, cada grupo deverá escolher um nome para sua equipe (que tenha como regra a letra inicial dos estudantes) para iniciarmos a gincana do NOME PRÓPRIO. 6º) Agora que estamos com as equipes formadas, vamos apresentar os desafios da gincana, algumas tarefas serão realizadas nesta aula e outras ficarão para a próxima aula. Para a equipe ser pontuada, todos os integrantes deverão cumprir as tarefas.

TAREFA 1: Buscar na sua casa dois objetos que iniciem com a letra do seu nome (os estudantes terão de 2 a 5 minutos para encontrar o objeto) e assim que estiver de posse dele apresentar para a turma mediante a autorização do professor.

TAREFA 2: O professor escolhe um nome (ele tem este nome numa tarjeta com ele) e os estudantes podem fazer 3 perguntas para conseguir informações e descobrir o nome que está escrito ali. Após as 3 perguntas, o professor não dará mais nenhuma pista e os alunos deverão escrever no papel o nome que acreditam que esteja nesta tarjeta. Ganhará pontuação a equipe que tiver o maior percentual de acertos entre seus participantes.


TAREFA 3: Apresente letras de um nome da criança embaralhada num slide de PowerPoint e quem organizar e adivinhar o nome escrito ganhará ponto para sua equipe.

TAREFA 4: Escreva no papel ou no alfabeto móvel um nome com a mesma SÍLABA INICIAL DO SEU NOME.

TAREFA 5: Elabore uma lista com os nomes dos seus colegas da turma que terminem com a mesma letra que o seu nome.

TAREFA 6: Escreva no papel ou no alfabeto móvel o nome dos estudantes da turma que tem o MAIOR NÚMERO DE LETRAS.

TAREFA 7: Escreva no papel ou no alfabeto móvel o nome dos estudantes da turma que tem o MENOR NÚMERO DE LETRAS.

TAREFA 8: Escreva no papel ou no alfabeto móvel o nome dos estudantes da turma que tem o MAIOR NÚMERO DE SÍLABAS.

TAREFA 9: Escreva no papel ou no alfabeto móvel o nome dos estudantes da turma que tem o MENOR NÚMERO DE SÍLABAS. A próxima tarefa será realizada como tarefa e os estudantes apresentarão na semana seguinte.

TAREFA 10: Realizar uma entrevista com seus pais ou avós para descobrir a história da escolha do seu nome e apresentar ou em forma de PODCAST ou VÍDEO para a turma.


Traga na próxima aula – O PODCAST ou o VÍDEO com as informações principais da história do seu nome se for vídeo, pode filmar fotografias e outras pessoas de sua família, irmãos, tias, tios, madrinhas e padrinhos. Use a sua imaginação e seja você um produtor.

Passe as dicas sobre como gravar um podcast, consultando o link: https://bit.ly/317rUS4



2ª AULA


1º) O professor solicita aos alunos que apresentem o resultado de suas entrevistas.

2º) E apresenta um desafio, vamos montar um jogo fonológico a partir dos nomes da turma, nomes de personagem das histórias infantis? Pode ser de rimas, de sílaba inicial e de letra inicial, cada equipe pensa em como montar o seu jogo, após assistirem o vídeo que explica como montar um jogo fonológico: http://bit.ly/2IYq37O

3º) Esta atividade será montada coletivamente e o professor será o escriba (no caso fará isso on-line com um modelo de PowerPoint). Propor aos alunos criarem antes de montar o jogo a lista de nomes a partir da escolha que fizeram na organização do jogo, a turma organiza um jogo com pesquisas na internet e farão isso virtualmente ou a partir das figuras ou fotos dos estudantes da turma disponibilizadas pela professora.

Observação:

É importante o professor ter a lista de nomes das crianças da turma com as fotografias destes estudantes, nomes de personagens e suas figuras para que consigam escolher e de forma coletiva possam montar o jogo.


Elaborado por:




Profa. Valéria, doutora em Educação pela PUC-SP. Diretora Pedagógica na Apliqueducação onde cria e desenvolve jogos de alfabetização baseados em evidências de pesquisa por conta de sua longa e sólida experiência em sala de aula no Ensino Fundamental, incluindo o trabalho de com alunos da Educação Especial.











Leitura crítica e edição: Joseane Terto





5.909 visualizações2 comentários

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2 commentaires


Jacqueline Barros
Jacqueline Barros
27 mars 2021

Costumo realizar aulas assim...contextualizadas. Nada melhor do que trazer os gêneros textuais contemporâneos e a vivência dos alunos para dentro da sala de aula. O lúdico e o concreto geram, para o aluno, significados ao aprendizado adquirido tranformando-se em experiência. Quando o aprendizado se constrói como experiência, ele é apreendido e não mais esquecido. Parabéns!

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Joseane Souza
Joseane Souza
29 mars 2021
En réponse à

De fato, a aprendizagem com o lúdico e o concreto geram aprendizado com significado!

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