Por: Profa. Esp. Guilherme Carvalho
Tratar do assunto da representatividade no contexto da educação, sobretudo, da educação infantil é tentar esclarecer conceitos e pontos que talvez não sejam tão elucidados tanto sobre a própria função da educação, quanto de onde vêm e de onde estão pautados os nossos preconceitos.
Os pesquisadores ao utilizar o conceito de raça, não o fazem pautados em um ideário de raças superiores e inferiores do século XIX, mas sim em uma nova conotação político-social pela clara observação na sociedade de mecanismos de exclusão existentes na sociedade brasileira. Essa exclusão se dá nas mais diversas formas, estigmatizando os aspectos culturais presentes na história e na vida da população descendente de povos Africanos no Brasil de maneira estrutural inclusive no ambiente escolar.
Minando as capacidades socioemocionais dos nossos estudantes e sua capacidade de entender a própria história e a das pessoas que as cercam. Reduzindo drasticamente a sua capacidade de se perceber protagonista, de compreender e respeitar as mais variadas manifestações de cultura e de entender as estruturas sociais em que se insere.
A criança se encontra num momento de desenvolvimento emocional, cognitivo e social na forma da construção de sua identidade: interagindo com o mundo e com as pessoas a sua volta, a criança interage observa as semelhanças e diferenças, aprende valores e cria vínculos com os resultados dessas observações.
Dessa forma, quando negamos a presença dos referências culturais próximos das diferentes realidades e manifestações culturais presentes no nosso território criamos um espaço excludente em detrimento da manutenção de uma narrativa única e que não comtempla a necessidade de se ver e de ver o mundo em que cada criança vive ali na sala de aula.
Em tempo é importante dizer que nas escolas essa representação das diferentes manifestações culturais, da pluralidade étnica e das diferentes configurações de família não podem reforçar estereótipos negativos, como os que dão força ao ideal de beleza eurocêntrico e que ensina nossas crianças a amarem seus corpos, suas famílias e suas próprias narrativas.
“A representação da criança negra é tão importante como a de qualquer outra criança no processo de construção de sua identidade.” - Natália Ferreira Chaves, 2019.
Toda essa vontade de se construir uma percepção mais natural da sociedade e da pluralidade étnico-racial no Brasil é pautada, sobretudo, na própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quando estabelece os objetivos de aprendizagem.
Objetivos de aprendizagem BNCC e representatividade
Para as crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
(EI03EO06) Manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida.
(EI03EO05) Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características dos outros (crianças e adultos) com os quais convive.
Para as crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
(EI02EO05) Perceber que as pessoas têm características físicas diferentes, respeitando essas diferenças.
De modo com que o objetivo de abrir a discussão sobre a representatividade nas salas de aula, seja das relações étnico raciais, quanto das diferentes configurações familiares (que a tempos acontece nas escolas pelo país, com atitudes como o dia da família, em detrimento do dia dos pais ou dia das mães) seja uma discussão sobre como “fazer valer” as habilidades e conhecimentos que julgamos essenciais para as etapas mais básicas e fundamentais na constituição do sujeito dentro do processo educacional.
Material de apoio
Como muitas vezes nos falta tempo e mão para buscar materiais, histórias e livros a ApliquEducação separou algumas histórias e mídias que tenham como foco a diversidade e a representatividade.
Elaborado por:
Professor Guilherme de Carvalho formou-se Tecnólogo em Jogos Digitais pela Fatec, de São Caetano do Sul, onde vocacionou seus interesses por tecnologia, desenvolvimento e ludicidade em paixão pela escola.
Hoje, leciona nos cursos técnicos de Desenvolvimento de Sistemas e Redes de Computadores.
Leitura crítica e edição: Joseane Terto
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